Ed. 11 - O que você faz para ter o mínimo?
Olá!
Estamos de volta à programação normal de Uma mulher que escreve, e eu espero muito que você tenha visto a edição-extra a tempo de baixar Elas Falam Por Si de graça.
Eu deveria ter avisado sobre a gratuidade do livro na news da semana passada, se tivesse conseguido me organizar melhor, mas tudo foi muito corrido. No dia 07 de janeiro, recebi um e-mail do perfil Leia Centro-Oeste informando qual seria a data de lançamento e da ação de e-books gratuitos, mas só consegui ver no último sábado, dia 16! Por causa disso, corri para avisar vocês o mais rápido que pudesse. Espero ter conseguido. Se não, bom... Eu ainda posso deixar o livro gratuito novamente no futuro.
Mesmo assim, quero agradecer a todos que baixaram. Além de ter avisado por esse canal, também fiz posts no Instagram, Twitter e Facebook, que foram bastante compartilhados e devem ter colaborado para que a novidade se espalhasse. Foram 209 unidades de Elas Falam Por Si baixadas gratuitamente, e hoje, houve um aumento no número de páginas lidas pelo Kindle Unlimited. Obrigada por isso! Mas não se esqueçam de ler e depois avaliar.
Apesar disso, tive um dia horrível ontem. Enquanto pessoas compartilhavam meus posts, me enviavam mensagens dizendo estarem felizes por poderem ler um livro que ainda não tinham conseguido comprar e apoiavam o movimento de autores da região Centro-Oeste, eu me sentia um fracasso completo.
Não pela minha escrita, mas pelo que eu tenho que fazer para continuar escrevendo. Como muita gente, preciso manter um emprego formal para me sustentar enquanto escrevo. E, devido a vários fatores próprios do mercado de trabalho, o meu emprego não é na minha área de formação. É um emprego do tipo que exige bem menos preparo ou conhecimento, que paga menos e faz com que você tenha que ouvir muita coisa desagradável enquanto simplesmente faz o seu trabalho. O tipo de emprego que dá às pessoas a arrogância de achar que são melhores do que você, ou que podem te tratar mal por qualquer motivo que passe pela cabeça delas.
Eu tenho dias bons e dias ruins nesse emprego. O de ontem, foi horrível. Ouvir grosseria gratuitamente me fez lembrar de todos os "Nãos" que recebi em entrevistas, quando a minha formação e a minha competência eram desconsideradas assim que descobriam onde eu moro (um bairro de periferia). Me fez lembrar do quanto eu já me humilhei em troca da carteira de trabalho assinada e do tão sonhado salário fixo. E do quanto eu fui baixando a expectativa. Não tem vaga para repórter? Tudo bem, posso tentar ser social media. Não? Posso tentar alguma coisa no marketing. Um trainee por três meses? Sem carteira assinada? Fazendo hora-extra todo dia e até no fim de semana? Só não aceitei por causa do chefe babaca. Mais marketing? Tudo bem! Não tem problema se já fui assistente e agora vou ser auxiliar. Não? Posso tentar algo de secretária. Recepcionista também vale. Posso tentar ser vendedora. Um salário mínimo já é o bastante pra quem só recebe os trocados do Kindle Direct Publishing e do Programa de Associados da Amazon. E foi assim que eu acabei sendo operadora de caixa em um correspondente bancário. Sou grata por isso, mas ontem, eu pensei que merecia pelo menos um emprego onde pudesse ser respeitada.
Lembrar disso tudo ontem acabou comigo. Me fez pensar em quantas pessoas precisam se submeter a empregos em que são mal tratadas, mal pagas ou expostas a condições perigosas para a saúde (física e mental). A necessidade faz a gente aceitar tudo. E eu me pergunto quantos outros artistas, em especial escritores, também se submetem a coisas desse tipo para poder pagar as contas e comer, e de vez em quando, ter um pouco de alegria fazendo o que gostam de verdade. É difícil demais ser artista no Brasil!
Esse pensamento não tem conclusão. Não tenho uma frase bonita para colocar no final. Não posso dizer que um dia, isso tudo vai ter "valido a pena" porque foi para que eu pudesse conseguir coisa melhor, porque acho que isso é romantizar sofrimento e que ninguém merece sofrer para conseguir o mínimo que precisa. Acho que a minha única conclusão é que alguns dias são insuportáveis.
Passado o desabafo, tenho uma coisa boa para comentar:
Lembram que eu disse que tinha a meta de conseguir escrever todos os dias de segunda a sexta?
Pois é. Eu consegui cumprir a meta na semana passada! E agora, quero fazer de novo essa semana. E na próxima. E na seguinte. Quero completar o mês de janeiro e entrar em fevereiro escrevendo, e terminar o conto novo e começar a escrever o meu romance. E vou tentar manter vocês atualizados conforme for avançando.
Ainda na semana passada, cheguei a um problema na escrita do conto. Basicamente, nessa história há uma pessoa tentando fazer muitas coisas durante um período de tempo muito curto. Eu precisava mostrar essa pessoa fazendo essas coisas, mas também precisava mostrar o que os outros personagens fazem enquanto essa pessoa anda tão ocupada. E eu achava que isso poderia prejudicar o ritmo da história. Mas cheguei à conclusão de que podem haver vários tempos numa história só. O tempo da minha protagonista é corrido porque ela quer abraçar o mundo e fazer tudo sozinha sem pedir ajuda. E o tempo das pessoas que ela ama é mais lento porque elas vivem um dia de cada vez sem se preocupar tanto assim em controlar tudo. E assim, eu incluí um novo narrador na história e consegui fazer a escrita voltar a fluir.
Tudo isso está registrado na mesma caderneta onde desenhei o calendário de janeiro. Meu número diário de palavras, a propósito, está assim hoje:
Agora, apenas uma recomendação de conteúdo para encerrar logo a news de hoje.
- No último sábado (16/01), ocorreu o lançamento virtual do livro de poesia Meus fantasmas dançam no silêncio, de Nádia Camuça. A live do lançamento contou com as presenças de Vanessa Passos, Mika Andrade e Mauany Alencar, e está salva no YouTube para quem não se importa de assistir depois. Nadia Camuça é dona do perfil @asvirgulas no Instagram, e foi contemplada por um edital da Lei Aldir Blanc, recebendo apoio governamental para a publicação de seu livro. Meus fantasmas dançam no silêncio já foi publicado na Amazon e está disponível no Kindle Unlimited.
Para me acompanhar melhor, você pode me encontrar nos links abaixo:
Elas Falam Por Si
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