Ed. 14 - Começou com uma brincadeira...
Duas semanas atrás,
Postei alguns tweets falando sobre ainda não ter comprado um planner de escrita porque não sabia quanto tempo ia durar "essa brincadeira" de escrever de madrugada.
Usei essa expressão de forma espontânea, mas acho que isso explica bem como as coisas aconteceram. Acordar uma hora mais cedo todo dia? Escrever por uma hora e acreditar que isso daria algum resultado? Eu não levava a sério no começo. Comecei de forma despretensiosa, e as duas semanas em que a newsletter ficou de recesso durante o fim de dezembro e início de janeiro me deixaram livre para fazer isso sem ansiedade e sem a preocupação de ter que falar sobre isso. E quando a news voltou e resolvi contar que estava escrevendo uma história nova, ela já estava em andamento e eu estava confiante no que fazia. Terminei de escrever o conto na quinta-feira, 04 de fevereiro. Mais de 30 páginas. Mais de 12 mil palavras.
E hoje vou contar melhor como foi tudo isso. Sei que estou monotemática nas últimas semanas, mas esse retorno à escrita é muito importante para mim e eu me orgulho muito disso. Então, pessoas, sejam bem-vindas à edição nº 14 de Uma mulher que escreve.
A primeira noite foi a mais fácil. Assim como na noite que relatei na , acordei cedo por ter pedido o sono. De qualquer forma, eu precisava fazer alguma coisa para me ocupar até a minha verdadeira hora de acordar. Naquele dia, escrevi 352 palavras.
As próximas tentativas foram mais difíceis. Houve dias em que senti muito, muito sono no trabalho. Dias em que fiquei à beira de dormir sentada diante do vidro do meu caixa, sendo flagrada num cochilo pela minha colega ou por clientes.
Depois de alguns dias, isso passou. O meu sono ao longo do dia foi passando, e foi como se eu já estivesse acostumada àquela uma hora acordando mais cedo.
Conseguir atingir a primeira semana escrevendo todos os dias de segunda a sexta foi lindo. Atingir duas foi mais lindo ainda. Três, então...
Houve dias em que eu escrevia mais e dias em que escrevia menos. Quando encontrei um problema relacionado ao ritmo da minha história, só consegui escrever uma palavra. E no dia seguinte, depois de ter refletido bastante sobre como solucionar aquele problema, escrevi 524. Isso me faz entender que nem sempre vou conseguir produzir grandes blocos de texto. E está tudo bem.
Antigamente, eu achava que escrever era acordar "inspirada", num dia em que eu não tivesse nenhuma obrigação ou compromisso, e escrever durante horas, até ter um novo conto pronto ou um capítulo inteiro de um romance. E eu ficava frustrada porque isso raramente acontecia. Agora, eu entendo que escrever pode ser acordar numa terça-feira e fazer 327 palavras, e no dia seguinte, 511, e no outro, 240, e no outro, 603. E de pouquinho em pouquinho, o texto cresce.
O legal de fazer desse jeito é que eu consigo me manter sempre conectada com a história. Antigamente, quando eu esperava estar inspirada, também me frustrava por de repente escrever um trecho de algo que parecesse bom, e quando finalmente tinha outro dia sem obrigações para poder escrever mais, não conseguia retomar o que tinha iniciado. Esperando sempre pelas condições favoráveis para escrever, eu perdia a conexão com as minhas histórias. Mas durante os últimos 27 dias, em que estive escrevendo sempre, eu pensava o tempo todo na minha protagonista, nos outros personagens, nas vidas deles, no que eles acreditam, no que pensam e do que têm medo. E por causa disso, ficava muito mais fácil escrever.
Sou bem ruim com títulos, e só quando cheguei no final foi que tive uma ideia razoável de como chamar essa história. Mas, até o início da divulgação, vocês só vão me ver chamando de O meu conto de Natal, A história da família feliz e coisas semelhantes. Mas, de presente para vocês, vou mostrar aqui a página do meu diário do dia em que comecei a escrever essa história, além de contar um pouquinho do que ela se trata:
Caso esteja difícil ler na foto:
21 de dezembro - Segunda-feira
(...)
Ontem, porém, pensei muito nos meus personagens dessa história e finalmente entendi o que quero contar. Minha protagonista é uma empreendedora: montou junto com uma amiga um brechó que está crescendo muito e vendendo bastante, vive junto com seu namorado da adolescência com quem teve um filho, porém tem uma mágoa antiga com sua mãe. Os compromissos com o trabalho a mantém ocupada durante os dias que antecedem o Natal e ela nem consegue arrumar a própria casa para a ceia que pretende fazer. O marido, porém, percebe o quanto ela está esgotada e resolve pedir ajuda de amigos para preparar tudo, além de tentar uma reaproximação com a sogra. Já prevejo um final emocionante, e estou muito empolgada com essa ideia.
Isso não é a sinopse, mas é um panorama bem geral sobre o que acontece. Quando fiz essa anotação, eu não sabia exatamente como algumas coisas aconteceriam, mas fui construindo tudo conforme escrevia e preenchendo as brechas com mais detalhes, e a história ficou do jeitinho que eu imaginava. Estou MORRENDO DE AMOR por essa família! Eu queria que eles existissem! E já pensei tanto na publicação que sei até mesmo como quero que a capa fique.
Até lá, porém, tenho muita coisa para fazer. Por enquanto, estou lendo tudo e corrigindo alguns erros e fazendo melhorias, no que eu chamo de "minha revisão". Sempre faço isso antes de contratar a revisão de um profissional. Pretendo deixar o texto descansar pelos próximos meses para contratar os serviços de que ele precisa a partir de setembro. Afinal, a publicação só vem mesmo no fim do ano.
Enquanto isso, quero começar o mais rápido possível a escrever uma nova história. Essa é aquela que eu estava planejando em dezembro e que acabei deixando um pouco de lado para poder escrever esse conto. E sinto muito, mas até que esteja pronta, é segredo.
- No sábado, assisti ao filme Vidas ao Vento (2013). É inspirado na vida de um engenheiro aeronáutico japonês, e acompanha o protagonista Jiro Horikoshi, que sonha em construir um avião com formato de pássaro. O contexto histórico é o do Japão nas primeiras décadas do século XX, e me deixou apreensiva por abordar, de certa forma o período que antecedia a Segunda Guerra. Mas o que me conquistou mesmo na história foi o romance com a Nahoko, uma garota que cruza seu caminho duas vezes. Esse filme deixou o meu coração quentinho e me fez chorar muito no final.
Cena de Vidas ao Vento (2013).
Desde que os filmes do Estúdio Ghibli foram incluídos no catálogo da Netflix, eu assisto a um por mês, tentando seguir a ordem recomendada pela youtuber Mikannn nesse vídeo. Em geral, são filmes bem diferentes do que a gente costuma ver em animações ocidentais, sendo até um pouco mais compridos, porém podemos notar alguns assuntos que se repetem. Gostei muito de alguns e não tanto de outros. Não consigo entender, por exemplo, A Viagem de Chihiro. Até agora, meus três favoritos foram Princesa Mononoke, Sussurros do Coração e Vidas ao Vento.
Até a próxima semana!
Um abraço,
Lethycia
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