Expectativa vs. Realidade
Olá!
Depois de uma folga involuntária na semana passada (entenda como: tive tanta coisa para fazer no fim de semana que não consegui adiantar a newsletter; e de segunda até quarta estive muito cansada para escrever esse e-mail em cima da hora), estou de volta agora com a edição nº 16 de Uma mulher que escreve!
Pessoas novas que assinaram nos últimos dias, sejam bem-vindas! Aqui falamos um pouco do meu processo criativo, de artes e conteúdos que eu consumo e de amor pela escrita e pelos livros.
Hoje quero falar sobre expectativas. A internet está cheia de memes sobre elas. Tweets com milhares de curtidas e compartilhamentos que só acontecem porque um monte de pessoas se identificaram com aquele pensamento particular de alguém sobre alguma coisa.
Todos nós criamos expectativas. Esperamos receber algo de certa forma ou viver certa experiência com certas emoções. Um emprego novo, um curso de ensino superior, uma viagem, uma mudança de cidade, um novo relacionamento... Muitas das nossas expectativas parecem ligadas a coisas novas, talvez porque, não sabendo como vai ser, imaginamos. É natural. Mas quando imaginamos muito, às vezes nos esquecemos de que não necessariamente vai acontecer dessa forma.
Terminei a edição 15 compartilhando com vocês uma expectativa, e ela foi a causa de boa parte do meu cansaço da semana passada. Vamos falar disso mais adiante.
Sim, eu disse que tinha começado a escrever o Projeto Secreto, que tinha experimentado um início, depois modificado a primeira cena e que esperava voltar na semana seguinte (isto é, a semana passada) com mais novidades.
Mas a segunda-feira veio e meu alarme do celular tocou na hora errada. Acordar em horários diferentes em dias alternados significa que você precisa mudar os horários dos seus alarmes de despertador toda semana. Esqueci de fazer isso. Acordei irritada, com a sensação de não ter dormido o suficiente. Mesmo assim, fui ligar meu computador para escrever, porque manter um hábito é difícil mesmo, e se você ficar parada reclamando, não vai conseguir atingir seu objetivo. Certo?
Digitei algumas palavras, formei uma frase. Parei para olhar o Twitter. Voltei ao editor de texto, reli o que tinha escrito. Não sabia como continuar. Abri a página da Amazon. Conferi se os livros que me interessam ficaram mais baratos nas minhas listas de desejados. Voltei ao texto. Digitei uma frase. Hesitei. Fiquei olhando para a tela. Nada. Como continuar agora?
Minha hora de escrita daquele dia foi desse jeito. Produzi 212 palavras. No dia seguinte, acordei mais cansada do que antes e tentei de novo. 100 palavras.
O que estava acontecendo de errado? Por que a escrita não fluía como a do conto que finalizei no início do mês? O que faltava para essa história, se eu já conheço as personagens, se tenho planejamento, se já sabia como elas começariam e de que forma desejava que elas terminassem seu caminho? Como uma típica millenial, tweetei sobre isso. Recebi algumas respostas de escritores e escritoras apontando soluções: experimentar escrever uma cena de outro momento da história; descansar um pouco; me fazer perguntas sobre as personagens; continuar tentando encontrar o "tom certo" para a narrativa; reduzir as expectativas...
E esse último conselho foi tudo o que eu precisava.
Eu tenho expectativas sobre essas histórias e elas são bem maiores do que ouso contar aqui. Comecei a planejar esse romance em junho do ano passado e fiz a loucura de decidir a data de publicação antes mesmo de começar a escrever. Seria perfeito para o marketing! Eu só precisava... escrever. Mas outras coisas aconteceram no caminho. Precisei apressar a publicação de Elas Falam Por Si, voltei a trabalhar em um emprego fixo, fiquei com menos tempo livre, tive uma ideia tão empolgante que passei na frente da outra...
E agora estou aqui, me pressionando para escrever o mais rápido possível, porque a data que escolhi meses atrás está chegando. E quando comecei a escrever o Projeto Secreto, eu já sabia - só não queria admitir - que já não dá tempo.
Passei todo o dia daquela terça-feira pensando nisso. Evitei escrever a news daquela semana porque pensava: "se não escrevi quase nada essa semana, vou falar sobre o quê com essas pessoas que me seguem só para acompanhar minha produção?". A resposta já estava na pergunta. Eu falaria sobre isso. Sobre ter falhado. Sobre medo, insegurança, expectativas que não foram atingidas.
A gente adora conhecer as histórias de quem é bem-sucedido em alguma coisa, mas muitas vezes essas histórias são contadas como se não tivessem existido dificuldades ou dúvidas, como se a pessoa soubesse desde sempre que estava destinada a realizar coisas grandes. Aí a gente passa a ter medo dos nossos medos, das nossas dúvidas, dos desvios no nosso caminho, e passa a achar que não pode falar sobre eles. Eu sei que esse pensamento é errado.
Depois daquela terça-feira tão difícil, resolvi me dar o resto da semana de folga. Desativei os Alarmes de Escrever no meu celular e deixei apenas o Alarme de Acordar Para Trabalhar. Dormi até as 6h20 na quarta e também na quinta. E na sexta, acordei sozinha às 5h20. Diferente dos outros dias, meu corpo não reclamou. Tentei dormir de novo. Não consegui. Me veio à mente uma música de Milton Nascimento que eu adoro. Era o clima perfeito. Era o que eu precisava.
Ativei o Wi-Fi no meu celular. Abri o Spotify. Acrescentei Quem sabe isso quer dizer amor à playlist do meu romance. Abri um novo arquivo no Google Docs, e comecei a digitar uma nova primeira cena, citando a música como abertura do capítulo. Pelo celular mesmo, apesar de eu detestar fazer isso. Levantar e ligar o computador me tomaria tempo demais, e o que eu sentia era urgente. Até que o Alarme de Acordar Para Trabalhar tocasse às 6h20, digitei 274 palavras.
Minha sexta-feira foi completamente diferente dos dias anteriores. Saí para trabalhar feliz. Atendi meus clientes sem ansiedade, nervosismo ou vontade de xingar. Li todos os e-mails pendentes durante o tempo livre. Conversei com meu colega e com minha chefe. E quando não havia nada para fazer, nada para pensar ou discutir, eu pensava nas minhas personagens, do mesmo jeito que acontecia antes enquanto eu escrevia o conto da família feliz.
Estou escrevendo a news na manhã de domingo, e já reuni algumas referências visuais da história, já pedi dicas de músicas sobre (ou escritas/gravadas por) mulheres que amam mulheres (se você tiver alguma, pode responder a esse tweet ou, se não tem conta no Twitter, responder a este e-mail). Não sei se na próxima semana já terei retomado a escrita ou se ainda estarei reunindo inspirações. Vou deixar rolar.
- A escritora brasileira Tayana Alvez, que é mestranda na Universidade de Beira Interior, em Portugal, está fazendo uma coleta de dados para sua pesquisa sobre escritores autopublicados no KDP da Amazon. Para isso, ela abriu um formulário do Google que pode ser respondido diretamente do seu celular ou computador. Eu sei que vários de vocês são escritoras e escritores, então peço que cliquem aqui para responder e ajudar a Tayana. O formulário pode ser respondido até sexta-feira (05/03).
- A vencedora do Prêmio Kindle de 2020, Marília Arnaud, publicou um romance intenso, belo e brutal sobre relações familiares, ciúmes, vingança, problemas emocionais e psicológicos, com uma linguagem cheia de imagens bonitas que dão vontade de marcar trechos o tempo inteiro. O Pássaro Secreto será editado e publicado pelo Grupo Editorial Record e ganhará uma edição exclusiva da TAG - Experiências Literárias, mas a versão que concorreu ao prêmio ainda está à venda na Amazon no formato e-book e disponível no Kindle Unlimited. Leia minha resenha aqui.
Eu fico por aqui.
Um abraço,
Lethycia
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