Ed. 27 - Aqui quem fala é do Centro-Oeste
Olá a todes!
As últimas duas semanas passaram voando! Eu não sei se é assim pra todo mundo, mas desde quando fiquei responsável pela minha própria casa, tenho a impressão de que os dias se atropelam. Eu acordo num fim de semana disposta a fazer um monte de coisas, faço menos de metade delas antes que o dia se acabe, e logo já é segunda-feira de novo; os dias passam, outro fim de semana chega, e mais outro, e logo estamos em outro mês, e já é dia de pagar as contas e de começar tudo de novo. E eu nunca consigo fazer tudo que quero.
Essa quinzena não foi muito diferente da anterior. Escrevi pouco, até mesmo para quem está acostumada a avançar devagar, e acompanhei algumas discussões interessantes na timeline.
Posso mencionar o debate coletivo sobre o apagamento histórico e cultural de regiões marginalizadas do Brasil motivado pelos anúncios da Flipop. Para quem não ficou por dentro, a Editora Seguinte realizou, entre os dias 22 e 25, a edição de 2021 de seu Festival de Literatura Pop, e no dia 19, divulgou sua programação completa que incluía uma mesa chamada "Descentralizando a literatura nacional", em que todas as pessoas convidadas eram nordestinas. Isso gerou um incômodo geral, visto que o nome da mesa supunha que o "centro" do país é o Sudeste e que a forma de "descentralizar" o debate seria concentrar as atenções no Nordeste - uma região marginalizada, sim, com certeza, mas não a única. A escritora Bárbara Morais (que assim como eu, é de Brasília) escreveu um texto maravilhoso trabalhando a fundo a questão de um Sudeste que se considera "o centro" do país e invisibiliza as demais regiões. Eu recomendo muito que você leia.
Ser invisível por causa do lugar onde nasci e vivo é uma coisa com a já estou acostumada. Já falei sobre isso , mas o texto da Bárbara me despertou muitos sentimentos centro-oestinos sobre ficar de lado em qualquer discussão a respeito de culturas, variação linguística e clima nas diferentes regiões do Brasil. Todos acham que aqui é só uma grande fazenda com treinamento intensivo para formação de novas duplas sertanejas, ou então sequer lembram que os nossos estados existem e que colaboram financeira, política e culturalmente com o país. E não precisamos provar isso.
Mas o debate não para por aí. As regiões Norte e Sul também são deixadas à margem por quem acredita viver a "experiência geral de ser brasileiro", e também ficaram ausentes da conversa proposta pela Flipop (e isso também é abordado no texto da Bárbara). Para uma reflexão ainda mais completa, recomendo o último episódio do podcast Os 12 Trabalhos do Escritor, em que Ajota Oliveira convidou escritores de lugares marginalizados do Norte, Nordeste, Centro-Oeste e Sul para uma conversa sobre o assunto. Ouça aqui.
Após a repercussão negativa, a Flipop se retratou e modificou o nome da mesa em questão para as "Várias faces do Nordeste", e apesar da impressão ruim deixada pela divulgação completa da programação, o que consegui acompanhar do evento foi tão bom quanto a edição do ano passado. Estou ansiosa para que as conversas gravadas sejam disponibilizadas no YouTube, porque acabei perdendo uma das que mais me interessavam. </3
Quase ao mesmo tempo, as transmissões dos Jogos Olímpicos começaram, e confesso que apesar de adorar algumas categorias (como vôlei e ginástica) e ter muita curiosidade sobre outras, não estou acompanhando quase nada, exceto pelos comentários de quem eu sigo no Twitter. Não sobra muito tempo para assistir esportes transmitidos de madrugada quando você trabalha em horário comercial, estuda para concurso público, prepara a própria comida, limpa a própria casa, cuida de dois gatos e ainda tenta escrever um livro. Mas os memes estão ótimos.
Fora isso, estou avançando lentamente na terceira parte de O tempo e o vento, ao mesmo tempo em que leio um livro de crônicas de Carlos Drummond de Andrade e Queime Tudo, um lançamento recente de horror sobre uma garota assassinada pelo namorado que volta transformada em demônio para infernizar a vida dele. A capa me chamou a atenção e eu estou com assinatura promocional do Kindle Unlimited ativa, então não quis deixar para depois.
Nas últimas duas semanas, escrevi muito pouco. Ainda estou no sexto capítulo, e com um probleminha de planejamento. Na última sexta-feira, tive uma ideia de como resolver isso. Ontem à noite, alterei minhas anotações no outline para o que deveria acontecer com uma das protagonistas nos capítulos 6 e 8, e acredito que com isso, devo me orientar melhor para continuar mantendo a história fluida. Já estou empolgada porque minha nova ideia inclui novos personagens e novas experiências.
No dia 18, um domingo, a Afeto Agência Literária fez uma ação de recebimento de pitches via Twitter. Um pitche é um texto curto utilizado para tentar vender um livro para editoras ou agentes literários. É como se você resumisse toda a sua história em uma frase que dê uma ideia do que o leitor vai encontrar, ao mesmo tempo em que desperta o interesse para saber o que vai acontecer. Como não havia quase nenhuma regra para o envio - nem mesmo sobre a necessidade de os manuscritos estarem concluídos, coisa que é padrão em ações desse tipo - resolvi me arriscar postando meu pitche com a hashtag #MeuLivronaAfeto. E eu postei justamente um pequeno resumo da história que estou escrevendo. Quem viu, viu. Não sei no que vai dar, mas, para usar uma expressão que odeio, o "não" eu já tenho...
- Até o dia 01 de agosto, a flésbi+, feira itinerante de literatura e cultura de mulheres que amam mulheres, acontece com várias rodas de conversa on-line, em lives no Instagram da flésbi. Se você se interessa por literatura com protagonismo sáfico, é uma boa opção. A programação completa se encontra aqui.
- Uma usuária do Twitter postou uma thread muito boa com dicas de como mostrar ao invés de contar. Não sei se o "show don't tell" (mostre, não conte) tem autoria atribuída a alguém em específico, mas é um conselho de escrita bem famoso. A thread em questão explica exatamente o que é "contar" e "mostrar" em termos de narrativas, quais os efeitos de cada um para quem lê e quando cada um é mais útil. Se você também escreve, aproveite a dica e leia a thread completa aqui.
Eu fico por aqui.
Um abraço,
Lethycia
Elas Falam Por Si
Twitter | Instagram | Wattpad | Medium | Amazon