Ed. 30 - Me vendo em livros e dicas do que vem aí
Olá, gente!
Quero dar as boas vindas às novas pessoas que assinaram a news nos útimos dias. Espero que vocês gostem de acompanhar e que fiquem por aqui. E pra quem já está aqui há mais tempo, espero que você continue gostando. Sejam todes bem-vindes à edição nº 30 de Uma mulher que escreve!
Quando comecei a pensar no que escrever para esta edição, o assunto me pareceu meio óbvio. Eu não poderia deixar de falar de um livro que mexeu com uma parte de mim sobre a qual eu sinto que nem sempre tenho espaço para falar.
Nas últimas duas semanas, andei lendo A parede branca do meu quarto, um livro Young Adult escrito por Marina Oliveira e publicado em 2015, com uma protagonista que passa por várias transformações enquanto está no terceiro ano do ensino médio se preparando para a última etapa do Programa de Avaliação Seriada (PAS) da Unb. Sim, é um livro ambientado em Brasília.
Já falei em edições passadas sobre como a Região Centro-Oeste é pouco representada e como, mesmo estando no Centro-Oeste, eu conheço poucas pessoas daqui que escrevem e li menos ainda, porque a nossa produção cultural é invisibilizada. Estamos longe dos grandes centros culturais do país, onde estão localizadas as Grandes Editoras, que enxergam tudo que vem daqui como "regionalista". E assim, para conseguir publicar, às vezes é necessário fazer algumas escolhas: tirar expressões regionais e sotaque dos personagens; ambientar sua nova história em São Paulo ou no Rio de Janeiro, para que a sua ficção seja enfim considerada "apenas ficção"; mudar-se para lá, para poder manter contato mais direto com agentes, com outros escritores e também com as editoras. Sufocar a sua origem, para que as pessoas te considerem interessante.
Uma das escritoras que entrevistei em Elas Falam Por Si comentou comigo que os artistas de Goiás sempre acabam precisando se mudar para São Paulo ou para o Rio, a fim de ter oportunidades. E quantas vezes eu pensei que também precisaria ir pra lá!
É por causa disso tudo que ver algumas referências muito simples à minha cidade natal em um livro me deixou bem nostálgica e um pouco emocionada. Coisas como nomes de lugares aonde a personagem ia; ou uma menção à possibilidade de chover a qualquer momento em fevereiro; ou o fato de fazer muito frio de manhã cedo em junho e depois das 10h, todo mundo estar tirando o casaco; ou as descrições das quadras comerciais na Asa Sul e na Asa Norte; ou a personagem andar de ônibus e me trazer de volta à mente a lembrança da minha infância de ouvir os motoristas de van gritarem "EIXO NORTE-SUL RODOVIÁRIA!".
Terminei A parede branca do meu quarto e embarquei quase de imediato na leitura de Morte Agalopada, a novela de Ton Borges que faz parte da coletânea dos Espectros de Roxo e Cinza. Essa história, também ambientada na Região Centro-Oeste (até onde li, no Mato Grosso do Sul), faz uma pequena referência a uma lenda sobre a construção de Brasília. Por coincidência, a mesma lenda também era mencionada no livro anterior! E eu fiquei pensando em como foi incrível ter encontrado essas referências em dois livros seguidos, quando raramente leio livros ambientados nesse lugar que chamo de "casa". Só quem vive em um lugar marginalizado vai entender isso.
Como toquei no assunto Leituras, continuo lendo O Arquipélago, a terceira parte de O Tempo e O Vento, além de Germinal, de Émile Zola. Ganhei este último como desapego de um amigo, que me disse que achava que eu iria gostar por ser parecido com Os Miseráveis (também conhecido como Meu Livro Favorito). Ainda não identifiquei tantas semelhanças assim, mas estou adorando ver o que parece ser o nascimento de um movimento grevista entre os trabalhadores de uma mina de carvão na França, no século XIX.
Ambas as leituras estão andando devagar, então eu tento compensar lendo coisas menos densas e mais rápidas pelo Kindle, tanto para me divertir mais quanto para poder postar novas resenhas no meu Instagram enquanto leio dois livros enormes.
Mas eu prometi novidades, certo?
Setembro chegou, e com ele, terminou o prazo que me dei no início do ano para deixar descansar o texto da última história que escrevi, ao mesmo tempo em que começou o meu período de trabalho em um novo lançamento. É isso mesmo que você está lendo: vem aí!
Quem acompanha a news há mais tempo deve lembrar que eu passei semanas escrevendo um conto de natal sobre uma família de pessoas negras sendo felizes, e está na hora de começar os trabalhos para o lançamento!
Pode parecer que estou me antecipando mais do que o comércio popular que decora as lojas com itens natalinos ainda em outubro, mas a verdade é que trabalhando em período integral e contando apenas com os fins de semana para revisar, produzir conteúdo, planejar e programar postagens em redes sociais, enviar e-mails, encomendar capa, elaborar sinopse, fazer cadastro no KDP, etc... você precisa se adiantar, sim!
Por enquanto, ainda estou entrando em contato com os profissionais de quem vou terceirizar serviços, então não tenho muito o que mostrar para vocês. Mas eu prometo que toda novidade sobre o meu conto natalino vai chegar primeiro aqui.
Ah, e sabem a promoção em que Mesmo que eu vá embora esteve gratuito? Durante aquele dia, houve 938 downloads gratuitos, além de quase 300 páginas lidas pelo Kindle Unlimited, o que me deixou bem surpresa. Quando as vendas e leituras começaram a cair, meses atrás, eu achava que o meu conto já tinha atingido o limite de pessoas que poderiam se interessar por ele. Eu achava que um novo período gratuito teria um número de downloads menor do que na última vez, e chegar a quase mil unidades baixadas foi algo muito maior do que a minha expectativa.
É claro que isso pode ser um efeito do gatilho psicológico que é ativado quando estamos acessando a Amazon e vemos que um livro com uma capa bonita e uma sinopse interessante está de graça, muito mais do que o fato de esse livro ser o meu livro.
Por causa ou não da gratuidade, as avaliações do conto deram um salto em questão de dias, e estamos mais perto das 400 que das 300, o que me deixa feliz. Não consegui notar os efeitos que eu esperava (aumento das vendas pagas e novas inscrições na news), mas paciência. Quem baixa livro de graça na Amazon nem sempre lê de imediato, e para vender, eu acredito muito mais em divulgação.
Iniciei o oitavo capítulo da história, no qual eu vou dar novos amigos à minha segunda protagonista. Eu achei que ela estava muito sozinha e que faltavam interações com outras pessoas nos capítulos dela, além do fato de que GAYS ANDAM EM BANDO! Com novos personagens, eu espero não só dar mais diálogos para os capítulos pares como também influenciar no conflito principal da história.
Além disso, uma madrugada de insônia me fez dar um passo diferente nessa história: eu escrevi uma cena de sexo entre as minhas personagens. Se você me segue no Twitter, deve ter me visto surtando por causa disso, e eu estou orgulhosa da cena por uma série de motivos:
Ao longo do tempo, eu deixei de lado vários preconceitos que já tive com literatura, e um deles tinha a ver com escrever sobre sexo;
Enquanto planejava essa história, eu sabia que haveria um momento de reencontro entre as minhas personagens (que são namoradas virtuais) e que, depois de meses de distanciamento físico, coisas deveriam acontecer para que uma nova separação fosse ainda mais difícil;
Nos últimos meses, andei pensando muito sobre a importância de ler personagens LGBTQIAP+ tendo direito não só ao amor, mas também ao prazer. Por que deveríamos celebrar um enquanto escondemos o outro para não ofender a sociedade cis-heteronormativa que já não gosta da gente de qualquer jeito?
De acordo com meu planejamento, a cena deve estar no meio da história, então eu precisei salvar em um arquivo à parte que chamo de Recortes, onde estou inserindo trechos descartados, cenas modificadas ou cenas soltas que me vêm à mente e que ainda não tiveram o momento de ser usadas. Minha nova motivação para escrever, agora, é poder chegar ao capítulo em que vou dar CTRL+V nesse trecho.
Terminei o mês de agosto com mais de 24 mil palavras e 80 páginas escritas. E com a felicidade de ver que consegui desenvolver coisas que planejava há mais de um ano, mas que ainda não sabia direito como aconteceriam. Está sendo lindo.
- No mês da Visibilidade Bi, eu estou produzindo conteúdos sobre bissexualidade (relacionando com literatura), e ontem postei um vídeo listando 5 protagonistas bissexuais em livros que eu adoro. Clica aqui pra assistir no Instagram ou no Tiktok.
- Fernanda Campos, que é psicóloga e também autora de alguns dos melhores livros brasileiros independentes que já li, está publicando um conto novo. Suas histórias são ambientadas na cidade fictícia de Ponte Belo, no interior de Minas Gerais, e são interligadas, porém podem ser lidas separadamente. Em Procura-se meu xodó, conheceremos Raquel, que se envolve em uma confusão e acaba indo parar entre os assuntos mais comentados na rede social da universidade que frequenta. O conto tem protagonismo bissexual e, pelo que conheço das histórias de Fernanda, podemos contar com boas doses de emoção. A história será publicada no dia 23 de setembro, dia da visibilidade bissexual. Reserve o seu aqui.
Eu fico por aqui.
Um abraço,
Lethycia
Elas Falam Por Si
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