A versão descartada de MQEVE - Uma mulher que escreve #52
Como prometido na última edição, hoje trago a primeira versão descartada de "Mesmo que eu vá embora", além de notícias sobre a história nova.
Por Lethycia Dias | Edição 52
Olá, Camileners! Olá, pessoas que leem!
Estou escrevendo esta edição na tarde de uma segunda-feira e é uma alegria termos chegado a esse final de agosto!
A Semana Camilener está a todo vapor e estou muito feliz vendo as interações de todo mundo tanto no Twitter quanto no Instagram. Não sabe o que tá rolando? Decidi comemorar o aniversário de Mesmo que eu vá embora com uma semana de ações virtuais, incluindo promoção, sorteio, posts informativos, interativos e comemorativos, além de parcerias (pagas ou não) com influenciadores e páginas de divulgação.
O evento está acontecendo oficialmente desde ontem e dura até o dia 29 - data em que MQEVE completa 3 anos -, mas estou divulgando e soltando pequenas pistas há vários dias, e tenho trabalhado na preparação disso tudo desde o início do mês.
Com o início inesperado do meu novo emprego e a organização dessa campanha, além de estar escrevendo a nova história, meus dias estão super corridos. Mas eu vejo os pequenos avanços em tudo que estou fazendo e fico ainda mais empolgada!
PARTICIPE DA SEMANA CAMILENER!
Até dia 29 de agosto, confira as postagens do Twitter e do Instagram e interaja na timeline e nos stories. E se você ainda não tem o e-book de Mesmo que eu vá embora, aproveite para comprar agora!
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Na edição passada, prometi enviar aqui um conteúdo que ninguém - ninguém MESMO - nunca viu: a primeira versão descartada de Mesmo que eu vá embora. É apenas o início da história e tem um formato completamente diferente da versão que está publicada. Eu parei de escrever esse texto quando vi que ele tinha 4 páginas e a história não andava, então sim, é um texto incompleto, engessado e não revisado.
Nele, a narração é em terceira pessoa, a história tem localização definida e Camila fica na casa de Helena, ao invés de um hotel. Essa história não tinha como funcionar assim porque eu precisava que as duas ficassem juntas em alguns momentos, mas que também se separassem de vez em quando para que Camila pudesse pensar na atração que sentia por Helena. Então, leiam abaixo esse início do conto, com o título que dei para o arquivo quando o salvei no meu computador três anos atrás:
Conto novo webamigas
(Ou a versão descartada de Mesmo que eu vá embora)
Camila acordou quando o ônibus parou na rodoviária, a última do longo caminho de mais de 2 mil quilômetros desde Fortaleza até Goiânia. Enquanto os outros passageiros pegavam suas mochilas e bolsas e se levantavam formando uma fila no corredor, ela calçou os tênis velhos, tirou a blusa de frio fina que havia usado para se proteger do ar-condicionado gelado demais, juntou numa sacola plástica as embalagens vazias de biscoitos recheados, sucos de caixinha, garrafas de água e barras de cereais comprados em postos de parada ao longo da estrada e pegou no bolso da calça o bilhete para a retirada de sua mala de dentro do bagageiro. Por fim, colocou sua mochila nas costas, agarrou com uma das mãos a sacola de lixo e com a outra, seu travesseiro, e desceu do ônibus, atravessando por último o corredor livre, os degraus e a porta.
De imediato sentiu a atmosfera quente da tarde de setembro, em meio ao vai-e-vem do terminal de embarque e desembarque. Outros passageiros já iam embora com suas bagagens, desde pequenas malas de 5 quilos até grandes caixas de papelão envolvidas com durex. A sua era a última que restava, e após retirá-la, ela olhou na direção do espaço em que pessoas aguardavam sentadas, comiam lanches rápidos, liam livros ou teclavam em celulares, entre cães que latiam em caixas de transporte, pombos que pousavam e levantavam voo e crianças que corriam ao redor de bancos metálicos. No meio disso, ela a viu.
Camila havia avisado a Helena, a única pessoa que ela conhecia naquela cidade, que chegaria por volta das quatro horas da tarde, e Helena tinha prometido que iria buscá-la. Na verdade, esse seria o momento em que se encontrariam pessoalmente pela primeira vez, porque embora tivessem trocado muitas fotos, mensagens de texto, e-mails, curtidas em redes sociais e comentários em seus respectivos blogs, nunca houve uma oportunidade de se conhecerem para além do que a internet permitia. Agora, ela se apresentava para Helena com cara de sono, cabelo amassado pelo banco do ônibus e pelo travesseiro, toda atrapalhada puxando uma mala de tamanho médio e segurando uma sacola de lixo.
Mas Helena não pareceu se importar com nada disso, porque atravessou o caminho até ela meio andando e meio correndo e a abraçou de uma vez. Mais rápido do que Camila esperava.
— Seja bem-vinda! É muito bom te ver pela primeira vez!
Ainda atrapalhada com o abraço repentino, Camila respondeu:
— Também é muito bom te ver! Obrigada pela recepção! Você esperou por muito tempo? O ônibus atrasou?
— Não, cheguei aqui há dez minutos! Eu prometi que vinha, não prometi?
— Prometeu. E obrigada.
Helena era cerca de cinco centímetros mais alta que ela, tinha cabelo castanho ondulado, pintado a partir da metade num tom loiro ainda bonito. O rosto era o mesmo que ela conhecia de inúmeras selfies postadas na internet, com uma diferença: se ela raramente sorria para as fotos, agora o sorriso não saía de seu rosto. Ela ficava mais bonita assim.
*
Em menos de 15 minutos dentro do carro que Helena chamou por um aplicativo de celular, estavam circulando pelas ruas de um bairro nas proximidades da universidade onde Camila teria de assistir a várias oficinas, minicursos e debates, além de apresentar seu artigo científico durante a semana. Agora entendia o nome “Setor Universitário”: além de terem passado por áreas que pertenciam a duas instituições de ensino diferentes, Camila reparou várias casas e prédios com faixas indicando aluguel para estudantes. Camila explicou que o apartamento em que morava também era uma residência desse tipo. Seus pais, que viviam em uma cidade do interior de Goiás, pagavam a maior parte das despesas; ela colaborava com a bolsa que recebia no estágio, além de manter seus gastos pessoais.
— Não é muito, mas eu consigo me virar — concluiu, abrindo a porta do pequeno apartamento. — Pode ficar à vontade — e nessa frase curta, Camila percebeu uma pequena ênfase no erre, talvez um resquício de sotaque interiorano.
Era um ambiente pequeno e decorado de forma simples, como se podia esperar da casa de alguém que vivia sozinha e de forma temporária, viajando de volta para a casa dos pais durante as férias. Encostado a uma parede, havia um sofá feito de pallets, com um colchão de solteiro servindo como assento. Várias almofadas grandes com estampas alegres apoiadas no encosto tornavam o móvel aconchegante. Alguns caixotes de madeira pintados em cores quentes e pregados em outra parede faziam as vezes de prateleiras, comportando uma pequena quantidade de livros, um porta-retrato com uma foto de Helena rodeada de pessoas sorridentes e vasos de plantas bem-cuidadas. Uma cortina do tipo que bloqueia o máximo de luz, aberta pela metade, escondia parte da janela fechada, mas ainda permitia que uma luz bonita de fim de tarde entrasse no ambiente. Um ventilador, posicionado de frente para o sofá, tinha o fio estendido para o chão até perto da parede da janela, onde havia uma tomada perto do rodapé. Não havia televisão. O resto do apartamento eram a cozinha, o banheiro e o único quarto, conforme Helena mostrou.
— Não é nada demais, mas eu espero eu você se sinta em casa.
— É ótimo — disse Camila, andando em direção à janela. Viu uma rua residencial com pouco movimento e a o sol, ainda forte embora já baixo, estendendo sua luz por cima dos telhados de inúmeras casas próximas. Ao redor, em avenidas mais movimentadas, carros, motos, bicicletas e pessoas circulavam.
Se não fosse por Helena, ela provavelmente nem estaria em Goiânia: o departamento responsável por seu curso em Fortaleza havia recebido muito bem a notícia de que seu trabalho havia sido aceito, mas ela não conseguiu nenhum apoio da universidade em que estudava para sua viagem, e tinha precisado arcar sozinha com todos os custos. Se estivesse com dinheiro sobrando, teria viajado de avião, mas a passagem de ônibus era muito mais barata. Semanas antes, quando ela comentou com Helena a necessidade de encontrar uma hospedagem barata e próxima à da localização do congresso a que teria de comparecer, ela não hesitou em convidá-la para ficar em sua casa.
— Pode deixar as suas coisas todas no quarto. Só tem uma cama, você pode dormir nela, e eu durmo no sofá.
— Tem certeza? Não quer que eu fique no sofá?
— De jeito nenhum! Eu não aceito deixar a minha amiga desconfortável!
— Eu acho que tudo que eu quero agora é tomar um banho e lavar o cabelo — disse Camila, passando a mão pelo cabelo volumoso de cachos espessos, necessitado de uma hidratação.
— A casa é sua — disse Helena, da entrada do quarto, sorrindo.
Criando o tempo todo
Desde a edição passada, a minha empolgação com a história nova só aumentou. Consegui estabelecer um horário para acordar e escrever todos os dias antes de me arrumar, como fazia anteriormente. E como isso não tem sido o suficiente para atender ao fluxo de palavras na minha cabeça, descobri que posso também usar uma parte do meu horário de almoço para escrever mais, e percebi que sou até mais produtiva digitando no celular do que no computador. Tenho certeza de que é porque o wi-fi da empresa não funciona no refeitório/sala de descanso!
Há dias em que escrevo mais e dias em que escrevo menos. Mas essa história tem falado tanto comigo que cheguei a escrever até mesmo em fins de semana - coisa que eu nunca estive disposta a fazer. Nos últimos dias, senti que houve uma quebra de ritmo, mas não parei por causa disso. O que tiver de ser modificado, descobrirei na revisão. Já estou no quinto capítulo de seis e louca para terminar e começar a preparar o lançamento!
Temos um prazo de menos de um mês para a data em que eu quero publicar, então talvez eu chegue na próxima edição com alguma informação quente e completamente inesperada. Se eu fosse você, ficaria de olho em todas as pastas do meu e-mail para não perder nada!
Li, ouvi e assisti
Terminei de ler cinco livros em seis dias! Costumo ler vários livros ao mesmo tempo, então eu fico besta como isso sempre acontece comigo: ou eu levo semanas entre a conclusão de uma leitura e outra; ou eu termino várias em dias seguidos.
Eu estava com seis leituras em andamento, sendo um livro para estudo e cinco por diversão. Nas últimas duas semanas, fiz viagens a Brasília nos fins de semana, o que me rendeu, em dois sábados seguidos, 3 horas a mais para ler. Além disso, quando não usava o meu horário de almoço para escrever, eu sempre lia um pouquinho pelo app do Kindle. Foi assim que concluí Torto Arado, de Itamar Vieira Junior; À luz do dia, de Nina Spim; Aprender a falar com as plantas, de Marta Orriols; Açúcar queimado, de Avni Doshi; O que encontramos nas chamas, de Mayra Sigwalt; e O beijo do rio, de Stefano Volp.
Destes, apenas Torto Arado já tem resenha no meu Instagram, e sinceramente, não sei se os outros vão ter. Depois do curso que fiz, cheguei à conclusão de que não vale mais a pena criar conteúdo sobre os livros alheios sendo escritora. Faço isso há quase 8 anos sem nunca ter conseguido monetizar o trabalhão que é falar de livros na internet - e já desisti de ganhar dinheiro com isso há muito tempo. Mas o que me fez querer parar foi perceber que isso não é bom para a divulgação dos meus livros, que sempre ficam de lado no feed, exceto em datas especiais. Então, após o fim da Semana Camilener, meu Instagram vai mudar. Quanto, ainda não sei dizer.
Não assisti a nenhum filme ou nenhum episódio de série nas últimas duas semanas. Como eu disse, meu tempo está corrido. Desde a edição passada, quando não estava trabalhando, escrevendo, estudando (para concursos ou sobre marketing para escritores), estive criando os conteúdos da Semana Camilener e tudo o que foi postado antes dela.
Estou cansada? Sim, muito! Mas estou amando produzir tanta coisa e ver tanta gente empolgada comigo. É por isso que mais uma vez, agradeço por vocês me acompanharem aqui e se interessarem tanto pelos meus desabafos e atualizações.
Um abraço com muito carinho,
Lethycia