Covid-19, você é só uma cifra e filmes que não canso de assistir - Uma mulher que escreve #39
Após voltar ao trabalho por três dias (vacinada com 2 doses e usando PFF 2 o tempo todo), tive uma febre repentina e olha no que deu!
Por Lethycia Dias | Edição 39
Uma semana muito estranha
Na primeira quarta-feira do ano (05 de janeiro), mesmo dia em que enviei a última edição da news, voltei a trabalhar no meu emprego CLT. Foi uma semana curta, porém estressante, porque eu precisava retomar um ritmo que abandonei no início de dezembro. As coisas no meu trabalho não estão nada favoráveis pra mim e eu estou cada mais consciente do quanto quero ME LIVRAR daquele emprego.
Não é que eu quero voltar a trabalhar com comunicação ou receber um salário compatível com a minha formação (embora ache que seria MUITO LEGAL isso acontecer). Eu só quero, desesperadamente, me livrar das pessoas com quem preciso conviver e da subserviência com que preciso agir o tempo todo só para não ser maltratada por gente sem educação - e às vezes, ser maltratada mesmo assim.
Não quero entrar em muitos detalhes sobre isso, porque esse é um espaço em que eu falo, principalmente, de coisas que gosto, e não acho justo encher isso aqui de reclamações sobre trabalho. Então, vamos partir para o primeiro assunto desta news:
Descobri que estava com Covid-19.
Desde que a pandemia começou, eu me esforcei para seguir, na medida do possível, todas as recomendações de segurança. Quando tinha outro emprego e tive meu contrato de trabalho suspenso em 2020, eu fiquei em casa o maior tempo possível e só saía para ir ao mercado e comprar a ração dos meus gatos. Quando o Ministério da Saúde recomendou o uso de máscaras para todos, ainda em 2020, eu passei a usar sempre. Quando ia comprar pão, mantinha o distanciamento social mesmo na fila. Quando fui demitida daquele emprego e comecei a procurar outro, fui de máscara e permaneci de máscara em todas as entrevistas. Quando comecei a trabalhar onde trabalho agora, também seguia à risca o uso de máscara e até cobrava dos clientes, até entender que a única coisa que eu ganhava com isso eram respostas grosseiras. Quando entendi que as máscaras PFF2 eram as mais seguras, passei a usá-las: uma para cada dia da semana, sem molhar. Quando a vacina foi liberada para a minha idade, tomei a primeira dose e depois a segunda. Continuei usando máscara o tempo todo no trabalho, exceto para comer, mesmo quando meus colegas arranjaram uma desculpa conveniente para não usar. Não estive em aglomerações por vontade própria, não fui a nenhuma festinha clandestina, não fiz nada que fosse irresponsável em relação à pandemia.
Então, quando tive febre, mal-estar, dor de cabeça, dor de garganta, tosse, espirro, coriza e dores no corpo, uma semana depois de minha mãe ter tido sintomas parecidos, eu não achei que poderia ser Covid. E quando agendamos testes de Covid para nós duas, porque minha mãe estava preocupada em voltar ao trabalho dela sem saber se estava tendo H3N2 ou qualquer outra coisa, eu ainda achava que nossos resultados seriam negativos.
Mas na segunda-feira (10), depois de passar horas em pé numa fila debaixo de chuva, com frio e fome, nossos testes rápidos deram reagente. Fizemos testes do tipo PCR para obter um resultado mais preciso (que deveria ser disponibilizado em um site dali a 72 horas), mas a chance de ter o mesmo resultado novamente era grande. E foi só enquanto esperava minha mãe fazer o teste PCR dela, numa tenda no meio de uma praça em um bairro de Goiânia onde eu nunca havia ido antes, que compreendi o que estava acontecendo.
Até então, eu estava achando que nossos testes dariam negativo e que poderíamos concluir que pegamos H3N2, mesmo tendo nos vacinado contra gripe em agosto. Tudo bem. Meu chefe estava espirrando na semana anterior. Era só passar mais alguns dias tomando antigripal e ficaria tudo certo. Eu não esperava descobrir que, mesmo tendo tomado tantos cuidados por tanto tempo, nós pegamos Covid.
Algumas pessoas me disseram que responsabilização individual em relação à pandemia não é legal e que eu não deveria me culpar como se quem não adoeceu durante esse tempo todo fosse moralmente superior a quem testou positivo, mas era assim que eu me sentia. Parecia que eu tinha falhado nessa maratona de cuidados e prevenções que começou pra gente em 2020. E o pior: era impossível saber onde errei. Para uma pessoa perfeccionista, foi horrível descobrir isso.
Voltei com minha mãe para casa e decidimos que não deveríamos mais sair enquanto não recebêssemos o resultado. Quando ficasse pronto, independente de qual fosse, procuraríamos um médico. Como minha mãe já havia ido até uma UPA antes do nosso teste e sido atendida com descaso por uma médica que não fez NENHUM TIPO DE EXAME nela, achávamos que seria realmente inútil procurar qualquer tipo de atendimento antes de termos certeza do que tínhamos.
Avisamos alguns familiares. Postei tweets, stories e status contando uma parte dessa história. E passamos dias sem sair de casa, como fazíamos no início de 2020, por medo, pensando que se saíssemos, poderíamos contaminar outras pessoas.
Durante esse tempo, me comuniquei com as pessoas no meu trabalho, e minha mãe, com as pessoas no dela. Nossa atitude não foi bem recebida. Estávamos sendo responsáveis, mas sendo cobradas porque a minha falta e a dela custavam dinheiro para quem nos emprega. Ouvi que não estava "me esforçando" para saber o que eu tinha. Expliquei toda a questão do descaso na primeira vez em que minha mãe procurou um médico e ouvi que deveria estar fazendo uma tuor pelos postos de saúde, UBS e hospitais públicos de Goiânia (infectando pessoas em todos esses lugares e nas linhas de ônibus que pegaria para me deslocar) só para conseguir um atestado médico. Nem vou falar sobre como a minha saúde e a da minha mãe sequer foram consideradas aqui.
Trabalhar é assim: você está vendendo o seu tempo, o seu corpo e a sua saúde, as coisas que faz com as suas mãos ou com a sua fala ou com a sua mente. Você é só uma cifra, que rende dinheiro quando cumpre sua função e custa dinheiro quando não. E quando você deixar de ser útil ou encontrarem outra pessoa que custe menos, não vão pensar duas vezes antes de te substituir. Eu nunca tive dúvidas disso.
A situação no trabalho, para mim e minha mãe, só melhorou quando recorri ao serviço de Telemedicina da Prefeitura de Goiânia, na manhã de sexta-feira (14). A dica veio por uma colega de faculdade, via DM no Instagram. Liguei no telefone divulgado oficialmente e passei 50 minutos numa ligação em que fiz triagem, conversei com um enfermeiro e depois com um médico. Recebi todas as orientações que não tive no dia do exame, porque ali não havia nenhum médico. Quase chorei ouvindo que fizemos o certo em nos isolar. Recebemos receita e atestado cobrindo todo o período de sintomas - sim, um atestado retroativo! Só assim fiquei livre para estar doente sem ser responsabilizada de forma desumana.
Se você mora em Goiânia ou região metropolitana e está com sintomas de Covid ou testou positivo e não sabe o que fazer, eu recomendo muito que acesse este link e ligue para a Central Humanizada de Orientações pelo telefone (62) 3267-6123.
O médico que me atendeu considerou que minha mãe já estava curada, pois teve sintomas leves e passou 14 dias isolada. Já eu, ainda não estava curada, mas segundo ele, poderia estar transmitindo por mais 3 dias e ainda deveria permanecer em casa até o dia 17 (segunda).
Agora, que vocês estão lendo isso, eu já estou de volta ao trabalho, pois não tive nenhum sintoma grave. Continuo usando máscara PFF2 o tempo todo e usando álcool gel com muito mais frequência do que antes. Estou apenas tossindo, sem dores no corpo, febre ou sintomas de gripe, mas o médico disse que era normal tossir por mais alguns dias.
Filmes que não canso de assistir
Enquanto estava de férias, me dediquei a assistir nos serviços de streaming tudo que eu não podia enquanto não estava trabalhando. Séries que me interessavam, filmes longos, filmes que todo mundo parecia estar comentando no Twitter e filmes que eu gostava e que seriam removidos em breve. Então, quando descobri que passaria mais alguns dias em casa, eu só segui com a rotina de antes.
De manhã, trabalhar no computador, escrever um pouco, produzir conteúdo, enviar currículos. De tarde, estudar e assistir a um filme. Como estava em casa doente, entendi que podia assistir filmes repetidos sem a culpa de achar que estava "perdendo" coisas novas. Essa é uma ansiedade que os serviços de streaming me trouxeram: parece que existe sempre tanta coisa nova pra ver, que às vezes eu sinto que assistir um filme que já vi é "perda de tempo" quando eu poderia estar vendo algo novo. Mesmo que o filme repetido seja muito bom e eu corra o risco de odiar o filme novo.
Eu já tinha começado isso assistindo Forrest Gump no sábado em que tive febre. Esse é o filme favorito de um amigo meu, que tem o hábito de assisti-lo todo dia 1º de janeiro. Em homenagem ao meu amigo, vi o Tom Hanks testemunhar ou participar de todos aqueles eventos históricos dos EUA e correr sem parar e senti que estava, sim, me divertindo como fazia quando assistia os filmes que passavam na TV.
Também vi Anastasia, que é meu filme de princesa favorito, e que me faz ter uma curiosidade bizarra sobre os Romanov e o fim do czarismo na Rússia. O Dimitri foi meu primeiro crush fictício da vida e eu ainda acho ele um gostoso. Eu amo todas as músicas, amo as referências visuais de Paris, e, como diz a própria Anastasia, que garota solitária não sonha em ser uma princesa?
Durante a semana, meti o louco e assisti outro dos meus filmes favoritos, que é Um sonho de liberdade. Esse é também um dos favoritos do meu pai, e foi por ele que conheci essa história, antes mesmo de saber que era adaptado de uma novela de Stephen King. É um daqueles filmes que não faço ideia de quantas vezes já assisti. Ele já foi retirado e adicionado novamente na Netflix várias vezes, e na última vez que retornou, eu disse pra mim mesma que leria a novela que o inspirou antes de assistir novamente, mas adivinhem? Não deu tempo! Mesmo assim, assisti porque estava com vontade e amei ter feito isso.
Como eu já tinha ultrapassado TODOS OS LIMITES, assisti também o musical de Os Miseráveis. Esse é um filme que eu assisto pelo menos uma vez por ano, mas com moderação porque tem 2h38 min e eu tenho PREGUIÇA de filmes com mais de 2 horas. Mesmo assim, eu amo TANTO essa história que já me emociono só de LEMBRAR! Terminei de ver chorando pela despedida do Jean Valjean e da Cosette e morrendo de vontade de reler o livro! A única coisa que me impede de fazer isso é saber que minha edição tem 2 mil páginas!
Para eu ser mais feliz do que isso, só me faltava tempo para assistir Meninas Malvadas, O diabo veste Prada, Orgulho e Preconceito, Cartas para Julieta, A Múmia, A Lenda do Zorro e Mamma Mia! em sequência, não necessariamente nessa ordem.
Outras novidades
Escrevi mais um pouco do meu conto novo. Eu gosto de como decidi iniciar essa história, mas ela envolve alguns desafios porque a protagonista é alguns anos mais velha do que eu. Como vão haver alguns flashbacks, eu preciso escrever ela sendo adolescente e jovem adulta quando eu ainda era criança, e embora eu me lembre muito bem dos anos 2000, é difícil me situar na pele da protagonista. Mesmo assim, eu quero continuar porque acredito MUITO nessa história e porque, bem, tenho um prazo e tenho mais dois projetos para finalizar esse ano.
Com base numa enquete feita no Twitter, decidi que minha primeira leitura feita pelo Kindle Unlimited em 2022 seria um livro hot. Um livro de contos hot sáficos. Estou falando de Transadas: histórias safadinhas para mulheres que amam mulheres. Eu acho esse título péssimo e o subtítulo pior ainda, mas as avaliações são positivas e estou curiosa. Comecei essa leitura alguns dias atrás e o primeiro conto foi estranho. Continuei confiando nas avaliações e achei o segundo conto MUITO BOM. Depois vieram outros tão bons quanto e um que achei PÉSSIMO, mas não faço ideia de como vai ser minha opinião final sobre a leitura.
Tayana Alvez abriu as inscrições para sua oficina CEO e Moça do Cafézinho, voltada para a profissionalização de escritores com foco em visão da escrita como trabalho e planejamento administrativo, financeiro e de marketing. Esses três itens são coisas nas quais eu tenho muita dificuldade e estou super empolgada para aprender. O investimento é de R$ 177,00 e é possível se inscrever até dia 31 de janeiro ou enquanto houver vagas. Não faço ideia de quantas são, mas eu e outras pessoas reservamos metade delas só no primeiro dia! Para mais informações, leia este post no Instagram da Tayana.
Um abraço,
Lethycia