Terminar um romance - Uma mulher que escreve #81
Em 2020, comecei a planejar uma continuação de "Mesmo que eu vá embora". No Natal de 2023, finalmente terminei esse que será meu primeiro romance
Olá, pessoas que leem!
Quero começar a primeira edição do ano desejando um feliz 2024 para vocês, e se você por acaso começou a acompanhar Uma mulher que escreve na última edição ou nas anteriores, quero também te dar as boas-vindas neste espaço! E, se você está aqui de passagem porque alguém recomendou esse texto, chega mais! Eu juro que sou legal!
Como vocês devem ter percebido pelo título, hoje quero falar sobre esse momento na vida de nós, escritores que deve ser um dos mais desejados ou comemorados, e ainda, um dos mais felizes: o término da escrita. E escolhi esse tema porque, durante o meu recesso de fim de ano, finalmente aconteceu: terminei de escrever o romance.
Para quem chegou por aqui agora, dou todo o contexto: em 2020, comecei a planejar uma continuação de Mesmo que eu vá embora, o meu primeiro conto publicado na Amazon, e até hoje, minha história mais lida e amada. Comecei a escrever no início de 2021, mas além de passar por várias dificuldades financeiras e emocionais que me levaram a interromper a escrita várias vezes, na época, eu ainda não tinha as técnicas necessárias para contar essa história.
Em meio a muita turbulência e mudanças emprego e rotina, de lá até aqui continueu produzindo. Publiquei outros quatro livros, mas nunca desisti de continuar a contar a história de Camila e Helena, minhas personagens amigas virtuais que descobrem estar apaixonadas ao se encontrar pessoalmente.
E depois de fazer um curso de escrita no ano passado e produzir um roteiro detalhado cena a cena da história que eu já tinha em mente desde 2020, durante o ano passado, recomecei do zero em junho. E no dia 25 de dezembro de 2023, em pleno Natal, inseri a última frase no arquivo do Google Docs de Nosso próximo adeus será o último*.
Você pode estar achando que seis meses para escrever um livro é um tempo ok. Mas quando me lembro que comecei no meu trabalho atual em outubro e que, até então, eu só tinha 10 capítulos e 17 mil palavras escritas, e que cheguei ao fim da história em dezembro com 52 mil palavras distribuídas em 31 capítulos, eu fico impressionada com a velocidade com que avancei na metade desse tempo. Em 3 meses, finalizei uma história que eu já estava achando que só concluiria no ano seguinte.
E, para quem sempre teve o fim como incógnita nas histórias que escrevia, isso é uma coisa incrível. Terminar, chegar ao fim sempre foi uma questão pra mim. Sempre foi uma coisa difícil. Porque na minha adolescência, quando fiz várias tentativas de escrever romances, eu começava as histórias com uma empolgação enorme, mas assim que passava do início, encontrava dificuldade para continuar, e mais cedo ou mais tarde, abandonava a história.
Eu também escrevia contos e crônicas, nessa época, e mesmo com eles, tinha dificuldade. Quando comecei a escrever para a Amazon, produzindo novelas ou noveletas (que a gente já se acostumou a chamar de contos porque é assim que o sistema do KDP classifica histórias curtas), ainda era difícil. Com Antes que as dores te sufoquem e Como Salvar uma Ceia de Natal, duas das histórias que publiquei depois de Mesmo que eu vá embora, eu comecei sem ter a menor ideia de quanto tempo levaria para terminar, ou mesmo se terminaria.
E o tempo transcorrido entre o início e o fim de uma história, pra mim, sempre foi motivo de muita insatisfação e medo.
Mas acredito que esse tempo - seja lá quanto for - ou esse medo, é algo presente na vida de todo mundo que escreve. Vários filmes que têm artistas como personagens retratam essa angústia de não conseguir levar adiante a sua arte, de não conseguir finalizar um projeto, mesmo sabendo que você é capaz de fazer aquilo, mesmo acreditando muito naquela ideia. Quando não é isso, os filmes mostram aquela alegria de chegar ao fim, e só quem passa por isso sabe que finalizar uma coisa nova é realmente uma vitória.
Às vezes você trabalha escrevendo para outras pessoas textos que precisam ficar prontos, não importa o que aconteça, e o seu projeto pessoal tem que ficar para depois, para quando for possível. Entre todas as questões que enfrentei de 2020 até aqui, foi mais ou menos isso que aconteceu com esse meu romance. Tive de deixar para quando eu estivesse bem para escrever. Mas isso não significa que, enquanto eu não estava bem, eu não pensava no quanto gostaria de estar avançando ou de simplesmente me ver chegar ao ponto final.
Então, durante os meses de outubro e novembro, quando percebi como os meus trinta minutos diários que me restavam do horário de almoço depois de comer eram produtivos, como eu ia adiante escrevendo um pouquinho por dia todos os dias e um capítulo dava sequência a outro e a história se desenrolava na tela do meu celular de um jeito até mais autêntico do que eu tinha imaginado anos atrás, fui sendo tomada por um tipo de euforia, orgulho e felicidade por ver que eu estava chegando ao fim.
Tentei acabar a história na semana que antecedia o Natal, sabendo que passaria o feriado com minha família e que, se me lembrasse de escrever naqueles dias, dificilmente teria tempo. Mas a imprevisibilidade da vida me pegou, e no meu último dia de trabalho antes da data comemorativa, tive que correr com meu gato Miguel até uma clínica veterinária para tratar de um machucado. A ferida era superficial, mas exigia atenção e limpeza constante, e assim, me vi impossibilitada de viajar até Brasília para festejar com avós, tios e primos.
Passei o Natal sozinha em casa com dois gatos e uma cadela, dando os remédios que foram receitados para Miguel e cuidando de sua ferida suturada, e por isso é que no dia 25 eu fiz questão de escrever, me dando de presente a chegada ao fim que tanto esperei.
No mesmo dia, comemorei a finalização do rascunho postando um vídeo no Instagram e no Tiktok.
Não está totalmente finalizado, é claro. O texto ainda vai passar por leitores beta, leitura sensível e crítica e revisão ortográfica e gramatical, e a previsão de publicação é para agosto. Mas é uma alegria muito, muito grande saber que consegui colocar em palavras o futuro que Camila e Helena mereciam quando se despediram na rodoviária prometendo se reencontrar em breve.
*O título é provisório, mas eu amo essa frase e o sentido que ela tem na história, e farei de tudo para mantê-la.
Retrospectiva 2023 e metas para 2024
Como dediquei a última news do ano ao envio da minha carta de “amigo secreto” (clique aqui para saber do que estou falando), não pude fazer esse ritual de fim de ano antes que 2023 se encerrasse. Por isso, quero aproveitar para fazer agora.
Vou começar resgatando uma foto do meu diário de escrita, um caderninho onde anoto meus números diários de palavras e me faço anotações e questionamentos sobre o que estou escrevendo. Nele, no fim de 2022, eu anotei uma pequena lista de objetivos para 2023, e fiquei muito feliz em descobrir que cumpri quase todos:
Desses, o único que não cumpri foi o de ler mais livros sobre escrita. Vai ficar para a listinha de 2024, que citarei abaixo.
Fiz no Instagram um post com as melhores coisas que me aconteceram esse ano. Entre elas, estão ter sido homenageada na Câmara Municipal de Goiânia, ter publicado De todas as paradas do mundo, ter tido um dos meus contos adaptado para teatro e ter concluído a escrita do romance. Finalizei o ano com mais de 55 mil palavras escritas - 55.901, para ser exata - e muito orgulhosa e de tudo que produzi.
Assim, deixo abaixo minha nova listinha de metas:
Será que consigo cumprir todas? Deixe sua opinião sobre as minhas metas!
E como já adiantei na foto, o próximo projeto que pretendo escrever é o meu haters to lovers universitário, uma comédia romântica com duas colegas de faculdade que se detestam desde o primeiro dia de aula, mas vão ter que unir forças quando concorrem a uma premiação acadêmica.
O roteiro já está pronto - comentei sobre isso ao longo de várias edições passadas -, mas por enquanto, estou concentrada em fazer ajustes no texto de Nosso próximo adeus antes de enviar para os betas.
As últimas
De todas as paradas do mundo está concorrendo em mais uma premiação simbólica! O Prêmio Libélula, organizado pelo Cadê LGBT, é voltado exclusivamente para obras e personalidades LGBT, e nele, estamos nas categorias Melhor Projeto Coletivo e Melhor Divulgação.
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Li, ouvi e assisti
Terminei de ler Notas de um filho nativo, Perto do coração Selvagem e Notas sobre o luto. No fim de dezembro, li também Noites brancas, que foi meu primeiro Dostoiéviski. Li também um monte de contos e novelas temáticos de natal e ano-novo, como já é meu costume nessa época.
Minhas melhores leituras de 2023 foram Identidade, de Nella Larsen; A terceira vida de Grange Copeland, de Alice Walker; Pachinko, de Min Jin Lee; Mandíbula, de Mónica Ojeda; e Misery, de Stephen King.
No momento, estou lendo Malibu Renasce, de Taylor Jenkins Reid - outra história sobre pessoas famosas fictícias da mesma autora de Os sete maridos de Evelyn Hugo -, A teus pés, de Ana Cristina César e As aventuras de uma tripulante, o novo livro da minha colega de antologia Brenda Zulp, que será lançado em breve.
Passei o Natal ouvindo a playlist Christmass Hits no Spotify. Eu amo o fato de músicas de Natal serem uma forma de os cantores gringos garantirem um “13º”, me possibilitando ouvir 100 músicas desse tipo num só final de semana. E eu admito que ali tem músicas que eu ouviria até mesmo fora dessa época.
Entre os filmes que assisti recentemente, recomendo muito Saltburn (Prime Vídeo) e Rye Lane (Star+) e Retratos Fantasmas (Netflix). Caso alguém queira ver um filme de Natal fora de época, recomendo muito The Holdovers, uma história de amizade improvável com uma vibe bem Sociedade dos poetas mortos, porque une um professor e um aluno que se detestam e uma empregada de um colégio interno durante as festas de fim de ano. Vi pelos “meios alternativos” e amei!
Por hoje é só.
Um abraço,
Lethycia Dias
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crescendo eu tbm tinha mt dificuldade em acabar as coisas. às vezes, ainda me sinto assombrada por isso haha, mas é sempre uma vitória quando a gente avança nas etapas do texto! parabéns!
ps: seu gato é fofo demais